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Foto do escritorIbi Literrario

Dia dos professores

15 de outubro, dia dos professores


Eu proponho, hoje, no dia dos professores, um momento de reflexão sobre a educação neste país. Todo mundo já ouviu (e gosta de repetir) aquela história de que no Japão só o professor não se curva ao imperador... A gente gosta de ver Merli e Rita (séries com educadores na Netflix), lá na Europa, cheios de autonomia, respeitados em suas ações nas escolas… É comum reverenciar os antigos professores como influentes na nossa formação, responsáveis por nosso sucesso… Mas, na prática, como anda a nossa relação com os educadores por aqui? O quanto lutamos pela educação e estamos dispostos a sacrifícios em nome dela? Qual o valor que damos, como integrantes desta sociedade, a essa profissão que sabemos ser tão fundamental?


Então vamos lá: A violência contra professores cresce no Brasil nesta década, inclusive por parte dos pais que legitimam as agressões de seus filhos (e eu não estou falando dos filhos de traficantes, tá?). A perseguição aos professores é responsável pelo maior índice da nossa história de afastamento de educadores por ansiedade. Para completar, o salário de um professor no Brasil é um dos mais baixos do mundo, inferiores inclusive aos pagos por nossos vizinhos. E a autonomia em sala de aula? Bem… grupos financeiros estão comprando escolas e se esforçando para transformar pedagogia em esteiras de produção (lembra do Charles Chaplin?).


Qual o resultado disso? O Brasil tem hoje um dos piores índices de alienação entre jovens no mundo. Assistimos impotentes ao crescimento do negacionismo. Temos um percentual altíssimo de analfabetos funcionais e estamos em péssima colocação no exame PISA, que mede internacionalmente a capacidade de compreensão de texto e raciocínio lógico. Somos uma nação na contramão da grande (r)evolução educacional que avança no mundo (e que mudou a Finlândia, o Catar, a China… países bem diferentes, para se ver que a medida independe de política e ideologia).


No entanto, apesar dos pesares (e de “você”, para que amanhã seja outro dia), rendo aqui minha homenagem a todos os guerreiros que escolheram ser educadores num país em que se nega a educação. Parabéns por todo empenho. Parabéns pela luta, pela resistência. Obrigado pelas gambiarras necessárias para se driblar um sistema falido. Obrigado pelos sacrifícios que fazem para sobreviver ao desmonte.


E a você, leitor... Desculpa aí a mensagem dolorida num dia de festa… Mas é que eu cansei de jogar confetes, agora eu só jogo sementes!


Marcelo Brandão Mattos


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