23 de outubro, meu aniversário. (Via Facebook)
Eu quis me esconder, para o Tempo (o senhor terrível) não me notar. Por vezes quis fazer como o superman da minha época, que conseguiu girar o mundo ao contrário e reverter as coisas que não deram certo. Ou ao menos fazer como o Adam Sandler, naquele filme em que ele congelava tudo e descansava sozinho. Mas enquanto a gente sonha, o tempo urge (alguns dizem: “ruge” - agora os entendo) e nos obriga a seguir em frente para não perdê-lo ainda mais.
Jamais gostei de comemorar aniversário. Agradeço sempre os votos e fico feliz com os afetos recebidos, mas evito festas e bolos, prefiro recolher-me no templo que é a minha casa, com os sagrados das minhas coisas. Quando a hipótese da velhice me foi aventada, isso ainda se acentuou. Passei a imaginar um futuro como o de Marlon Brando (o velho Brando - eu seria o velho “Brandon”, como alguns carinhosamente me chamam): numa ilha sem espelhos e máquinas fotográficas, aonde se celebra a maturidade sem vê-la. Ainda hoje admiro o desfrute do velho galã, mas sem dinheiro para tê-lo, passei a ignorar a possibilidade.
Quando enfim me vi um homem maduro, caminhando aí para a gratuidade no transporte e a participação no The Voice Mais (me aguardem!), passei a rir de mim mesmo, num prazer inebriante com a velhice. Desenvolvi a teoria da “dercygonçalvelização do sujeito”. Todos vamos perdendo as vergonhas, com o passar do tempo, mandando todo mundo à merda e, se chegarmos aos cem anos, vamos começar a mostrar os peitos e as bundas por aí. Eu estou agora num estágio avançado desse processo, estou parcialmente dercygonçalvelizado e muito feliz com isso. Então, hoje, comemoro feliz mais um passo nesse caminho. Parabéns para mim e quem não gostar vai pra puuuuutaquepariu…
Conclusão da minha história: A maturidade é boa pra cacete, à exceção do que nos acontece aos cabelos e à pele. Por aí, envelhecer é uma merda. Mas tá tudo bem também.
Marcelo Brandão Mattos
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